Perda Gestacional e Neonatal: Um Luto Silencioso!

De acordo com a literatura, a perda gestacional é definida como um conjunto de situações de perda que podem ocorrer ao longo da gestação ou após o parto, nomeadamente, o aborto espontâneo, a morte fetal, a morte neonatal, morte perinatal, a interrupção médica da gravidez resultado de diagnóstico de anomalias congénitas no feto/ bebé (Nazaré, Fonseca, Pedrosa & Canavarro; 2010). Posto isto, é importante realizar a definição destes conceitos: 

  • Aborto espontâneo é uma perda que ocorre dentro do útero, antes de atingidas as 20 semanas de gestação;
  • Morte fetal é referente a uma perda que ocorre após as 20 semanas de gestação e que pode acontecer dentro do útero ou durante o parto;
  • Morte neonatal corresponde à morte de crianças que, apesar de terem nascido com vida, morreram com menos de 28 dias de idade. (Gabriel, Paulino & Baptista; 2021).
  • Morte perinatal é referente a uma perda que ocorre durante o parto ou até sete dias após o nascimento.

 Importa salientar que o risco de aborto espontâneo é superior no primeiro trimestre, em média, uma gravidez em cada quatro não ultrapassa as doze semanas.

 De acordo com a Organização Mundial de Saúde estima-se que anualmente existam 43 milhões de perdas gestacionais. 

 Pode-se afirmar que a morte de um filho é considerada uma das experiências mais traumáticas que o ser humano pode vivenciar, seja qual for a sua natureza, como é o caso da perda gestacional que é uma experiência traumática e com um risco elevado de desencadear sintomatologia psicológica, como por exemplo, sintomas de depressão, ansiedade, stress pós-traumático, perturbação de luto prolongado.

 Nos dias de hoje, este luto é um luto não reconhecido pois a sociedade tende a silenciar e minimizar o sofrimento da mulher, o que acentua os sentimentos de invalidação e incompreensão, como a culpa e também originam o isolamento social (McDonald et al., 2019; Gabriel, Paulino & Baptista; 2021).

 De acordo com Sá e Biscaia (2004), um bebé nasce não após os nove meses de gestação, mas sim quando nasce na imaginação dos pais, portanto, quando este vínculo é rompido de forma súbita e imprevista inicia-se um processo de luto e sofrimento. 

“Ser mãe é mais do que dar à luz. Ser mãe é amar mesmo de colo vazio.”

Psicóloga Clínica e da Saúde 

Dra. Suzy Pinho Pereira

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